MINHA MULHER - DELÍCIA DOS MEUS OLHOS

Eu louvo a Deus porque Ele é bom e a Sua benignidade dura para sempre. Rendo graças pela Sua misericórdia que, criando o ser humano, criou homem e mulher e ordenou que ambos se considerassem parte um do outro, socorrendo-se nas necessidades e completando-se nos seus limites. E peço à Ele que me faça como marido, sempre fiel aos meus deveres, que sempre seja, com a Sua graça, correto nos juízos, sóbrio nos conselhos, prudente nas deliberações, feliz nos empreendimentos, humilde na prosperidade, cumpridor dos meus deveres e generoso em socorrer os outros. Peço que meu Pai querido, afaste de mim tudo o que possa me demover do caminho da justiça e peço que Ele me conceda os auxílios necessários para que não somente alcance a perfeição do meu estado de homem falho, mas que eu seja também para minha querida Jo, uma força e um estímulo para a sua santificação. E assim, juntos, nós alcancemos a felicidade do céu.

Na Bíblia Sagrada, no livro do profeta Ezequiel, capítulo 24, versos 15 e 16, Deus se refere à mulher de Ezequiel como “a delícia dos teus olhos”. Que belíssima e poética expressão esta : “desejo dos teus olhos”.Não foi o próprio profeta quem falou, porque sendo homem, poderia estar exagerando, ou queria agradar a mulher, ou outro motivo. E nem foi um parente ou amigo quem falou, porque se fosse, ele poderia ter observado Ezequiel tratando bem a esposa e concluir que ele a amava muito. Mas quantos homens tratam bem sua mulher apenas “para consumo externo”, para guardar as aparências, mas têm coração vazio com relação a ela. Foi o próprio Deus quem chamou assim. Ou seja: é a pura verdade. Ele conhece tudo, inclusive o coração. Se Ele disse que a mulher de Ezequiel era a delícia ou o desejo dos olhos dele, é porque havia um sentimento muito forte e bonito no ÍNTIMO do profeta.

Quero falar hoje sobre minha mulher. Não quero falar sobre se eu a trato bem em casa e fora de casa, não quero falar sobre se eu reconheço que ela é uma ótima pessoa e também não quero falar sobre se reconheço que ela é uma esposa dedicada. Quero dizer, de coração, que eu acho a minha mulher, a minha Jo, a delícia dos meus olhos! Delícia dos olhos... como? Simples assim – porque me é agradável olhar para ela e ver uma mulher que me atrai não pelo seu corpo, mas pelo seu rosto. Porque ela é uma mulher que ME ATRAI PELO QUE ELA É: pela sua personalidade, mesmo com os detalhes que eu não gosto, mas pelas suas atitudes, mesmo as atitudes defeituosas, pela sua maneira de ser, mesmo que seja imperfeita.

Minha mulher é uma COMPANHEIRA! Não uma companheira por força das circunstâncias, mas uma companheira de verdade, que me completa, que me ouve, que me apóia, me satisfaz, que corre junto, que trinca comigo em tudo, em suma: ela é uma grande amiga! Honestamente, dentro desses moldes, eu considero minha mulher a delícia dos meus olhos!Eu glorifico a Deus por isso. Dou graças a Deus pela Jo.

Então pensei... Eu tenho um casamento feliz. Mas... será que ela sabe disso? Será que mesmo dizendo isso pra ela, ela pode achar que não combina bem com a maneira como eu ajo com ela? Então preciso dar um jeito de convencê-la que é verdade!

Será que eu preciso fazer algo? tomar alguma providência? Este assunto é vasto e complexo. Os motivos podem ser muitos. Não entrarei em detalhes. Quero apenas fazer algo, mas não posso permitir que essa minha dúvida continue assim.

Se o meu televisor quebra, eu mando consertar. Se o meu dente dói (eu ainda tenho dentes, viu?), eu vou ao dentista. E se a minha mulher não for a delícia dos meus olhos, meu casamento está “quebrado”! E simplesmente jogar fora e arranjar outro não é solução agradável a Deus. É preciso fazer algo. A primeira coisa a fazer é conversar com Deus, pedindo ajuda e sabedoria. Mas é preciso marcar como objetivo prioritário ter na minha mulher a delícia dos meus olhos!

Jesus tem um plano, conforme está descrito na bíblia: a formação de uma esposa para Si. Esta esposa, durante a narrativa das escrituras, recebe vários nomes: Corpo de Cristo, Noiva, Igreja. As figuras femininas bíblicas são ministrações subjetivas do comportamento da igreja. Eva saindo de Adão nada mais é do que a igreja que saiu de Cristo. Tudo o que Deus fez desde a fundação do mundo e faz até hoje, tem como centro, como objetivo final, a formação desta esposa.

Na carta do apóstolo Paulo aos Efésios, capítulo 5, versos 31-32, a Bíblia diz assim – “Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e se unirá à sua mulher, e serão os dois uma só carne.  Grande é este mistério, mas eu falo em referência a Cristo e à igreja”. A minha esposa é a minha carne, a partir do momento em que minha saliva se encontrou com a saliva dela, as enzimas salivares se combinaram, a partir do momento em que mantive o primeiro ato de amor com ela, nossas químicas se misturaram. Ora, eu não trato da minha aparência, para me sentir mais bonito no espelho? Então faço isso também com ela, com a minha mesma carne, com a tampa da minha panela, com a outra metade da minha laranja... Olho no espelho e vejo “a delícia dos meus olhos”.

Tudo o que Deus fala, acontece. Ele criou o universo pela Sua palavra, e não precisou falar duas vezes, mas quando falou, aconteceu. Ele disse: “Haja luz, e houve”. Tudo o que Deus fala, tem como objetivo edificar a Sua igreja. Preciso ter isso bem claro na minha mente, pois esta verdade vai direcionar minhas orações para a realidade divina.

Oro pela minha esposa. A prática da oração é muito diminuta no meio cristão. Oramos quando estamos muito necessitados de algo, mas não quando o corpo de Cristo, a noiva, está necessitada. Em Mateus 6:31-33, Jesus diz -  “Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que havemos de comer? ou: Que havemos de beber? ou: Com que nos havemos de vestir? Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. A ausência de oração é um erro fatal. Deus não atua diretamente no mundo natural, portanto é através dos seus filhos que serão liberadas as ordens para que a vontade de Deus se concretize. Se oramos, oramos e oramos e nada de receber resposta, precisamos parar um pouco e refletir onde estamos errando. Talvez seja neste ponto: estamos orando exclusivamente pelas nossas causas e não pelas causas de Deus. Estamos, em outras palavras, dizendo a Deus que somos mais importantes do que Ele, o que não é verdade. Mas o Senhor nos aconselha a buscar em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, e após isto, as nossas necessidades serão acrescentadas. Eis a chave! Não podemos inverter esta ordem, mas estabelecê-la. Então devo orar mais, orar pela minha mulher, orar para que Deus a faça mesmo “a delícia dos meus olhos”.

SINTO TANTA FALTA DE MEUS FILHOS

Jeremias 1:5 - "Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta".

Hoje estou “down”. Estou sentindo falta dos meus filhos. Sabe, eu posso não ter sido um bom marido, mas eu acho que fui um bom pai. Eu os criei com tanto carinho, tanto zelo, com tanto amor. Estou com saudades da minha pequininha, de maria-chiquinha, correndo pros meus braços quando eu chegava do trabalho. Hoje ela tem outra pessoa pra correr para abraçar quando chega do trabalho, e sinto falta dela e dos filhos dela também. O maiorzinho foi meu melhor amigo até os cinco anos, depois eu me separei dele. E acho que cada dia que passa, vou perdendo mais o elo que nos mantinha presos.

O meu pequininho “banguelo” que ainda outro dia queria ganhar os Flintstones no natal também cresceu, está muito maior que eu, e eu não aguento mais pega-lo no colo e andar de cavalinho com ele sobre o meu pescoço. Ele está muito ocupado hoje. Os seus valores estão mais voltados para a correria do dia-a-dia que ficamos até meses sem nos falar.

Lembro-me de cada detalhe de suas pequeninas silhuetas, nos chapéuzinhos de marinheiro, na finurinha de suas vozes, nos dons que Deus lhes deu. Eu sabia todos os pensamentos de suas cabecinhas. Lembro-me das lágrimas que rolaram de suas carinhas quando me separei da mãe deles. Lembro-me de tantos abraços, de estorinhas pra dormir, de muitos aniversários, de muitas viagens, acampamentos, passeios, circos, teatros, parques... Eu os abracei e segurei por tantas vezes, e hoje, fico aqui sentado esperando um telefonema, imaginando seus semblantes enquanto falamos. Mas ainda estou aqui. Meu amor não mudou. Acho que só aumentou. Ainda estou aqui pronto pra abraçar e segurar nos meus braços como na época em que os trazia pra dormir no meu quarto comigo. Ainda estou aqui pronto para escutá-los. Eu os amo tanto. Espero tanto pelo momento de abraçá-los novamente e de falar com eles,  espero tanto. Não sei quantas vezes por dia eles se lembram que eu existo, mas uma coisa eu sei - eu dei o melhor de mim pra ve-los bem.

Esses pensamentos me levam novamente a pensar em Deus. Afinal ele tem sido o melhor companheiro nos meus momentos como este. Ele sentiu cinquenta anos a minha falta também.

Deus me criou com tanto cuidado também, com tanto zelo, com tanto amor. Ele pensou em cada detalhe do meu corpo, no som da minha voz, nos dons que me daria antes mesmo de me formar. Ele sabe todos os pensamentos de bem e de mal que passam por minha cabeça. Ele tem todas as minhas lágrimas guardadas, todas elas. Ele mandou o Seu anjo buscá-las cada vez que me via entrando no meu quarto meio cabisbaixo. Deus me abraçou e me segurou  por tantas vezes, enquanto ficava à minha porta esperando que eu o chamasse. Ele sempre esteve preparado para me escutar, em todo o tempo, em todo momento, com vestes e sandálias novas, como o pai do filho pródigo, com um anel novo para o meu dedo. Pronto a perdoar todos os meus pecados. Deus me ama tanto, que assim como eu espero pelos meus filhos, Ele esperou tanto por aquele momento em que eu dobrei meus joelhos e falei com Ele, esperou tanto. Às vezes, eu me lembrava que Ele existia, mas nunca me importei porque Ele me amou tanto que deu a vida do Seu único filho pra morrer por mim, numa morte horrível de cruz. Mas sempre esteve dizendo enquanto eu não ouvia – “Volta, filho, volta. Eu estou aqui te esperando no mesmo lugar que você vinha falar comigo. Estou te esperando”.

A saudade é uma coisa sem jeito, chega quando menos imaginamos: um cheiro, uma melodia, uma palavra... uma imagem, e eis que o cordão do tempo, nos convida ao retorno da infância. Hoje minha filha me ligou cedo, depois meu filho falou um pouquinho comigo no telefone também. É como se um fio nos costurasse de novo por poucos momentos.

A saudade é uma ponte que nos favorece um retorno a nós mesmos; uma travessia que borda uma identidade muitas vezes esquecida, perdida na pressa que nos leva. Hoje as pessoas precisam tomar muito cuidado pois estão perdendo o que mais vale na vida por causa do que pensam que tem mais valor: o dinheiro, o consumismo, o “status quo”. O que vale mesmo não é o “ter”, o “possuir”. O que vale mesmo é a “devolução”, é o ato que restitui o que se parte; é a luz que sinaliza o local do porto, é a voz no ouvido a nos acalmar nas madrugadas de desespero e solidão, através de uma frase simples: “boa noite pai”, “boa noite filho, dorme com os anjos de Deus, querido”.

Hoje, nesse dia em que a vida me fez um pouco criança de novo, neste instante em que estas cenas felizes da infância dos meus maiores tesouros na terra, tomou conta de mim, uma única frase eu quero dizer: “Oh, meus filhinhos amados, que saudade eu sinto de vocês!”