Jeremias 1:5 - "Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta".
Hoje estou “down”. Estou sentindo falta dos meus filhos. Sabe, eu posso não ter sido um bom marido, mas eu acho que fui um bom pai. Eu os criei com tanto carinho, tanto zelo, com tanto amor. Estou com saudades da minha pequininha, de maria-chiquinha, correndo pros meus braços quando eu chegava do trabalho. Hoje ela tem outra pessoa pra correr para abraçar quando chega do trabalho, e sinto falta dela e dos filhos dela também. O maiorzinho foi meu melhor amigo até os cinco anos, depois eu me separei dele. E acho que cada dia que passa, vou perdendo mais o elo que nos mantinha presos.
O meu pequininho “banguelo” que ainda outro dia queria ganhar os Flintstones no natal também cresceu, está muito maior que eu, e eu não aguento mais pega-lo no colo e andar de cavalinho com ele sobre o meu pescoço. Ele está muito ocupado hoje. Os seus valores estão mais voltados para a correria do dia-a-dia que ficamos até meses sem nos falar.
Lembro-me de cada detalhe de suas pequeninas silhuetas, nos chapéuzinhos de marinheiro, na finurinha de suas vozes, nos dons que Deus lhes deu. Eu sabia todos os pensamentos de suas cabecinhas. Lembro-me das lágrimas que rolaram de suas carinhas quando me separei da mãe deles. Lembro-me de tantos abraços, de estorinhas pra dormir, de muitos aniversários, de muitas viagens, acampamentos, passeios, circos, teatros, parques... Eu os abracei e segurei por tantas vezes, e hoje, fico aqui sentado esperando um telefonema, imaginando seus semblantes enquanto falamos. Mas ainda estou aqui. Meu amor não mudou. Acho que só aumentou. Ainda estou aqui pronto pra abraçar e segurar nos meus braços como na época em que os trazia pra dormir no meu quarto comigo. Ainda estou aqui pronto para escutá-los. Eu os amo tanto. Espero tanto pelo momento de abraçá-los novamente e de falar com eles, espero tanto. Não sei quantas vezes por dia eles se lembram que eu existo, mas uma coisa eu sei - eu dei o melhor de mim pra ve-los bem.
Esses pensamentos me levam novamente a pensar em Deus. Afinal ele tem sido o melhor companheiro nos meus momentos como este. Ele sentiu cinquenta anos a minha falta também.
Deus me criou com tanto cuidado também, com tanto zelo, com tanto amor. Ele pensou em cada detalhe do meu corpo, no som da minha voz, nos dons que me daria antes mesmo de me formar. Ele sabe todos os pensamentos de bem e de mal que passam por minha cabeça. Ele tem todas as minhas lágrimas guardadas, todas elas. Ele mandou o Seu anjo buscá-las cada vez que me via entrando no meu quarto meio cabisbaixo. Deus me abraçou e me segurou por tantas vezes, enquanto ficava à minha porta esperando que eu o chamasse. Ele sempre esteve preparado para me escutar, em todo o tempo, em todo momento, com vestes e sandálias novas, como o pai do filho pródigo, com um anel novo para o meu dedo. Pronto a perdoar todos os meus pecados. Deus me ama tanto, que assim como eu espero pelos meus filhos, Ele esperou tanto por aquele momento em que eu dobrei meus joelhos e falei com Ele, esperou tanto. Às vezes, eu me lembrava que Ele existia, mas nunca me importei porque Ele me amou tanto que deu a vida do Seu único filho pra morrer por mim, numa morte horrível de cruz. Mas sempre esteve dizendo enquanto eu não ouvia – “Volta, filho, volta. Eu estou aqui te esperando no mesmo lugar que você vinha falar comigo. Estou te esperando”.
A saudade é uma coisa sem jeito, chega quando menos imaginamos: um cheiro, uma melodia, uma palavra... uma imagem, e eis que o cordão do tempo, nos convida ao retorno da infância. Hoje minha filha me ligou cedo, depois meu filho falou um pouquinho comigo no telefone também. É como se um fio nos costurasse de novo por poucos momentos.
A saudade é uma ponte que nos favorece um retorno a nós mesmos; uma travessia que borda uma identidade muitas vezes esquecida, perdida na pressa que nos leva. Hoje as pessoas precisam tomar muito cuidado pois estão perdendo o que mais vale na vida por causa do que pensam que tem mais valor: o dinheiro, o consumismo, o “status quo”. O que vale mesmo não é o “ter”, o “possuir”. O que vale mesmo é a “devolução”, é o ato que restitui o que se parte; é a luz que sinaliza o local do porto, é a voz no ouvido a nos acalmar nas madrugadas de desespero e solidão, através de uma frase simples: “boa noite pai”, “boa noite filho, dorme com os anjos de Deus, querido”.
Hoje, nesse dia em que a vida me fez um pouco criança de novo, neste instante em que estas cenas felizes da infância dos meus maiores tesouros na terra, tomou conta de mim, uma única frase eu quero dizer: “Oh, meus filhinhos amados, que saudade eu sinto de vocês!”
A saudade é boa quando sabemos que a pessoa que amamos também nos ama. Não existe distância quando estamos dentro do coração um do outro. Agora vc acha justo, eu, um marmanjo desse tamanho, sentado na sala de embarque do aeroporto de Goiânia, chorando que nem criança, lendo esse post???
ResponderExcluirTe amo!
E ó, "estória" não se usa mais faz tempo... vamos dar uma atualizadinha nesse vocabulário???
Te amo, de novo!
Semana que vem to livre em São Paulo, vamos almoçar juntos num lugar especial, confie em mim! rs...
Pior é eu imaginar voce andando de cavalinho em cima de mim com esse tamanho todo... Quanto à "estória" muito obrigado. É sempre bom ser corrigido por quem se ama... A vida é engraçada mesmo... há pouco tempo era eu quem fazia isso, lembra?
ResponderExcluirquase sempre...
ResponderExcluirEdilson, também sou separado e a distância realmente machuca demais...Porém acredito no que o Léo falou, quando os amamos verdadeiramente, de um jeito ou de outro eles nos recompensam. Parabéns aos dois...Precisamos de pessoas como vocês neste mundo.
ResponderExcluirMarcelo
Valeu Marcelo... e nós precisamos de gente como você que se dispõe à cultura da leitura e expõe sua opinião!!! Parabéns!!! Desculpe a demora pra te responder.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirNossa! Sou separado a dois anos e estou naqueles dias Edilson. Me sentindo pequeno e egoísta, mal mesmo. Ler as suas palavras me acalmou pela identificação, faz bem isso!
ExcluirMas quando terminei e vi a sua resposta Léo... "Caramba"! Foi como se você tirasse uma faca do meu coração. Obrigado!
Parecia que eu estava ouvindo meu filho falar pra mim. Porque mesmo o vendo todos os finais de semana, sendo um pai amoroso, ainda sim, me sinto culpado. Pela ausência.
O meu questionamento é, hoje meu filho está com três anos e meio, mas será que ele vai entender quando estiver mais velho?
Mas, vendo o amor que você sente pelo seu pai Léo me deixou um pouquinho menos triste e preocupado com o futuro.
Um forte abraço aos dois!!! E mais uma vez, obrigado!!!