Era uma vez um ferreiro que, após uma juventude cheia de excessos, resolveu entregar sua vida a Deus. Durante muitos anos trabalhou com afinco, praticou a justiça, mas, apesar de toda sua dedicação, nada parecia dar certo na sua vida. Muito pelo contrário: seus problemas aumentavam cada vez mais.
Uma bela tarde, um amigo o visitou e se compadecendo de sua situação difícil, comentou: "É realmente estranho que, justamente depois que você resolveu se tornar um homem temente a Deus, sua vida começou a piorar! Veja bem! Eu não desejo enfraquecer sua fé, mas apesar de toda a sua crença em seu Deus, nada tem melhorado". O ferreiro não respondeu imediatamente. Ele já havia pensado nisso muitas vezes, sem entender o que acontecia em sua vida. Entretanto, como não queria deixar o amigo sem resposta, começou a falar e terminou encontrando a explicação que procurava. E ele então respondeu: "Eu recebo nesta oficina o aço ainda não trabalhado e preciso transformá-lo em espadas. Você sabe como isto é feito? Primeiro eu aqueço a chapa de aço num calor terrível, até que fique vermelha. Em seguida, sem qualquer piedade, eu pego o martelo mais pesado e aplico golpes até que a peça adquira a forma desejada. Logo, ela é mergulhada num balde de água muito, mas muito fria e a oficina inteira se enche com o barulho do vapor, enquanto a peça estala e grita, grita muito por causa da súbita mudança de temperatura. Tenho que repetir esse processo, com o coração apertado, mas tenho que fazê-lo... várias vezes, inúmeras vezes, até conseguir uma espada perfeita e valiosa; uma vez apenas não é suficiente. Às vezes, o aço que chega até minhas mãos não consegue agüentar esse tratamento. O calor, as marteladas e a água fria terminam por enchê-lo de rachaduras. E eu sei que jamais se transformará numa boa lâmina de espada. Então, eu simplesmente o coloco no monte de "ferro-velho" que você viu na entrada de minha oficina...
Eu sei que Deus está me colocando no fogo das aflições. Aceito as marteladas que a vida me dá, muitas vezes choro, choro muito... sinto-me só, sem ninguém pra me ajudar... e às vezes a solidão é tão intensa que me sinto tão frio e insensível como a água fria que faz sofrer o aço. Mas a única coisa que peço é: "Meu Deus, não desista de mim, não desista, até que eu consiga tomar a forma que o Senhor espera de mim!! Tente da maneira que achar melhor, pelo tempo que quiser, mas jamais me coloque no monte de "ferro-velho"!!!!!
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