quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O TEMPO PASSA

Nós somos seres humanos que nascem, crescem e morrem. A infância geralmente tem pressa em passar pela linha do tempo. Lembro-me porém, daqueles sorrisos sinceramente abertos quando chegava o natal e o Leo e a Lu sabíam que o papai noel iria trazer aquele presente que tanto queríam.
Aquele abraço que a gente trocava e que o tempo encarregou-se de tirar dessa minha história, me dava, as tardes de domingo tão bem vividas. Nós não víamos a destruição do mundo, nós não nos dávamos conta do sofrimento que mora ao lado. Como eram bons aqueles tempos!
E o que falar da adolescência? Principalmente da minha adolescência! Tempos de garotos virarem super-homens e de meninas virarem mulheres-maravilha. Tempos em que nós podíamos supor que éramos os reis do mundo, os donos da verdade, quando andávamos pra cima e pra baixo sem a interferência dos pais, empinando o nariz e disparando julgamentos a todos e a tudo, nos achando os seres mais perfeitos que existiam. Mas, mesmo assim, eram bons tempos. O primeiro beijo, a explosão de hormônios e tudo o mais.
A juventude é um momento da nossa vida capaz de trazer e levar traumas, esperanças, alegrias e decepções. As noites intermináveis de angústia, os dias eternos de felicidade. Mesmo que o sol fosse embora, mesmo que as nuvens escuras insistissem em permanecer no céu acima de nós, continuávamos de pé, apoiados pelos amigos, pela nossa “juvenescência”... pela nossa esperança num futuro bonito.
Mas sabe, não me arrependo das coisas boas que fiz, nem queria voltar atrás no tempo. Me arrependo só das coisas ruins que fiz e que me distanciaram de Deus. Hoje estou meio velho. Cinquenta e quatro anos. Não perco tempo falando da minha vida na fase adulta, porque foi a mais perdida de todas. Trabalhava de segunda a sábado, à noite era reservada pra perdição. Não tinha tempo de ver meus filhos, não tinha tempo para amar minha mulher, mas ironicamente trabalhava todo o tempo por amor à eles. É... acho que não fui tão perfeito quanto imaginava na minha vibrante adolescência. Ultimamente passo o tempo lendo alguns livros, a bíblia, alguns sites evangélicos, ouvindo louvores e relembrando meus pais que já se foram, relembrando meus filhos, e meus netos. Quero viver o mais intensamente que posso essa religação com Deus.
E por falar em religação com Deus, nunca havia parado pra pensar sobre Ele da maneira como tenho pensado ultimamente.  Nunca perdi tempo pensando nessas coisas de amor divino. Mas agora, há pouco mais de três anos comecei a pensar e descobri que tenho certeza de que Deus tem um propósito para minha vida, assim, como tem na vida de cada um de nós. Eu vivi por amor à minha família e segundo normas de conduta sociais apreciáveis. Tentei ser o melhor que pude. Mas acho que nunca fui nada. Mas Deus, enquanto isso, me guardava e cuidava dos meus. Eu perguntava - Quem é esse tal Jesus? Os religiosos o chamam de mestre, mas apesar disso jamais consegui aprender coisa alguma com esse homem. Já li a bíblia várias vezes e pareceu-me indiferente. Mas enfim, se dizem que ele é Deus, ou profeta, ou um ser superior, quem sou eu pra discordar ou opinar. Ainda bem que essa forma de ver Deus e Jesus faz parte do passado...
Hoje, eu não consigo ficar um dia sequer, sem pensar em Deus, sem ter um relacionamento íntimo com Ele, seja pela oração, seja pela Sua Palavra – a Bíblia Sagrada. Hoje, fico pedindo a Deus, pelo menos, um dia por semana para meus netos e meus filhos virem me visitar, mas aceito a Sua vontade, pois a vontade Dele é boa, perfeita e agradável, ainda que para mim não pareça.  Acho que meus netos  não se divertem tanto quanto eu me divertia na casa da minha avó Doca. Antes eu dava alguns trocados pra eles, hoje não posso nem querer fazer isso. Hoje, eles, graças a Deus, tem uma avó que gasta com roupas, com esses aparelhos tecnológicos, celulares, computadores, video-games. Eu preferia gastar com doces ou pipas. Tenho dois filhos, um homem de quase 32 anos e uma mulher de quase 34. E tenho dois netos, filhos da minha menina mais velha. Eles são bondosos, minha menina de vez em quando vem me ver, mas o menino quase nunca. Penso que a maior distância entre nós está no fato de que eu sirvo a um Deus Vivo, um Deus de amor, um Deus de Justiça e de Fogo Consumidor.
Fui criança, fui jovem, fui adulto, fui um advogado de porta de cadeia, fui um empresário de renome no meio securitário, hoje não sou nada. Graças a Deus por isso!!! E acho até que nunca fui nada na realidade, pois não vivia este Evangelho que vivo hoje. Só não me dava conta porque escondia meu verdadeiro eu por de trás de uma máscara feita de consquistas e status. Na verdade, confesso que passo a maior parte do tempo estudando incessantemente a Palavra de Deus, e quando fico mais de um dia sem ler a Bíblia, me intrigo. Ando pensando demais na morte. Mas de uma forma diferente. A morte é minha esperança de vida eterna. A morte é a chave para abrir a porta para me encontrar com Jesus na Gloria Eterna. A minha morte começou no dia 22 de janeiro de 2009, quando decidi passar a viver como nova criatura em Jesus Cristo. Muitas investidas de satanás, muitos laços, muitas quedas, eu passei. Mas me levanto a cada tombo, e persisto resiliente em prosseguir olhando para o foco – Jesus Cristo. Não importa quantos tombos eu leve ainda, mas continuo resistindo, resistindo, resistindo, porque maior é Aquele que está em mim.
Não posso dizer que, apesar de minha vida ter sido apática, tirando a minha infância, gostaria de morrer com minha juventude. Gostaria de viver, só que viver de verdade, queria ter mais tempo pra aprender a ser um homem de Deus.
Sempre tive pretensão de me achar auto-suficiente. Agora descobri que não sou. Creio que minha arrogância corroeu minha alma e meu orgulho destruiu minha personalidade. Mas Deus me perdoou, me acolheu, me justificou, me libertou e me remiu com o sangue do Cordeiro. Hoje eu sou livre. Deus me amassou como o barro na mão do oleiro, passei pelo deserto e descobri que o deserto é o jardim de Deus. Deus tratou minha soberba e meu orgulho. Deus me ensinou a amar meu genro, coisa que pra mim, seria impossível.  
Eu não posso reclamar de nada. Apesar do que ganho hoje, tenho uma esposa que trabalha e me ajuda no sustento e no pagamento das contas de casa, eu tenho um carro que graças a Deus, não me dá prejuízo, vou com ele para onde preciso e ele nunca me deixou na mão, mas tudo o que eu queria pra ser feliz era poder ver meu filho crescendo na vida profissional, social, e principalmente, espiritual. Quem sabe, um dia ele entenda que o tempo que passa pra mim, vai passar também pra ele. 
Eclesiastes 11:9 -  "Alegra-te, jovem, na tua mocidade, e recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração, e pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas te trará Deus a juízo".

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