sexta-feira, 18 de maio de 2012

DEUS ME DEIXA TÃO FELIZ QUANDO VEJO MEUS NETOS

Quando meu primeiro neto nasceu, logo depois ele veio morar comigo, numa casa grande, dividida em tres pavimentos com um quintal grande, cheio de árvores frutíferas, onde eu pude colocar um balanço, um escorregador e uma piscina de armar. Mas o local preferido de nossas aventuras, era no Horto Florestal que ficava a menos de um quilometro de casa. No horto, brincando com meu netinho, ninguém saberia distinguir se eu era o pai ou o vovô. Nem pelos muitos fios grisalhos. Eu casei muito cedo (20 anos) e fui avô com 43 anos, relativamente jovem.
Vejo uma coisa acontecendo hoje: de um lado os casais estão deixando a gravidez para mais tarde; de outro, muitos homens, assim como eu, se casam duas, três e até mais vezes, sendo pais depois dos 50, 55 anos. Alguns chegam a ter netos mais velhos que os próprios filhos.

Da parte dos adolescentes, houve muitas mudanças também. Eles, hoje, começam a vida sexual mais cedo, aumentando os riscos de uma gestação precoce, por mais que os pais e a própria mídia insistam na importância do uso de preservativos. A chegada inesperada de um bebê altera toda a estrutura familiar. De uma hora para a outra e sem serem consultados, os avós se vêem responsáveis por ajudar a criar o neto, em sua casa. O que significa assumir a educação e o sustento da criança, justamente quando começavam a usufruir a liberdade de já terem os filhos crescidos e independentes ou quase isso - independentes.
A maioria dos vovôs, porém, não precisa exercer esta paternidade forçada. Assim, curtem muito ter um tempo especial para os netos. Cheio de energia e disposição, este avô que vos fala ... quando aos quarenta e poucos anos se sentia o companheiro perfeito para jogar bola, correr atrás da bicicleta, passear no Horto, levar para a praia, piscina, tudo - não teria nenhum problema, também, em brincar de boneca ou de casinha, com a neta, mas isso só vai rolar no futuro, eu acho, e profetizo em nome de Jesus, que o Leo vai me dar uma netinha. Ao contrário, acho divertidíssimo – rolar pelo chão, enquanto o bebê engatinha, e apóia sua mãozinha, quando ele ensaia os primeiros passos. Tem coisa mais linda do que ver o netinho dando os seus primeiros passinhos.

Nada é motivo de aborrecimento: o neném é pura diversão. Assim como o vovô também é pura diversão... É muito legal... Juntos, vivem momentos deliciosos e inesquecíveis para ambos. Qual criança não gosta de dormir na casa dos avós, de passar um final de semana com eles, sem papai e mamãe por perto?

Nas famílias em que o homem se casa mais de uma vez, não é raro ele ter filhos com pouca diferença de idade dos netos, às vezes até para menos. Os papéis de cada um se confundem neste novo contexto. Não existe tio, tia; todos são crianças, brincam juntos, brigam, fazem as pazes, encontram um modo próprio de se relacionar e de nomear parentescos entre si.

Quando chegou a noticia de que eu ia ser avô pela primeira vez, tive dois sentimentos bem claros: uma felicidade enorme pois era o dia do meu aniversário de 43 anos e, por outro lado, a preocupação quanto a criar um neto. Minha filha era muito jovem na época, não iria mais concluir sua faculdade de Fisioterapia tão almejada. No entanto, o fato era irreversível: eu seria avô!

Curti a espera da chegada do meu neto com quase a mesma ansiedade com que esperei meu próprio filho nascer. E, finalmente, ele nasceu! No dia do meu aniversário de 43 anos. No mesmíssimo dia – 20 de Agosto de 2.000 – Presente de Deus. Menino lindo, normalzinho. Nesse momento, sim, começou a se desenvolver um sentimento diferente do que temos em relação ao próprio filho: a preocupação se desfez; e hoje permanece a felicidade de ver aquela criança crescendo. Como não é filho, há um distanciamento operacional. Trocar as fraldas, ter paciência na dor de barriga, na choradeira são atribuições dos pais. Como avós, brincamos! Engatinhamos junto, fazemos cabaninha, bagunça, permitimos tudo o que os pais não permitem, para não criar maus hábitos. É só mais felicidade, sem aflição.
Rhafael, meu neto primogênito, como digo, está agora com quase doze anos e o pequenininho, o João Marcelo, está com quase tres anos e meio. O maiorzinho é carinhoso, conversa com a gente, é uma das minhas maiores alegrias. O pequininho é carinhoso também, peralta como ele só, tem uma carinha de maroto, está sempre sorrindo e também é uma das minhas maiores alegrias. Que bom! Deus só tem me dado grandes alegrias! Por isso eu O glorifico a cada dia.

Fui pai muito cedo, aos 21 anos. Tenho dois filhos, a menina que vai fazer 34 anos e um menino que vai fazer trinta e dois, e meus dois netos, Rhafa e João. Quando tinha minha empresa de inspeção de seguros, acompanhei bem de pertinho o crescimento do Rhafa até os cinco anos, depois comecei a perder tudo para as drogas e perdi o contato com ele. Por causa disso, tive pouco tempo para acompanhar sua infanto-adolescência. E hoje, por morar em Mairiporã e eles em São Paulo também está difícil nos vermos com muita frequência.
Com os meus filhos, na infância deles, foi diferente, eu não tinha horário de chegar em casa, mas nos finais de semana, tínhamos uma programação bem legal, e eu sempre procurei ser o mais presente possível, mesmo separado de sua mãe.

A grande vantagem – e conseqüência – de ter sido pai ainda jovem foi poder ser avô aos 43 anos. É um momento de resgate, de reaproximação com os filhos que, à medida que chegam à adolescência, se afastam de casa. Quando se transformam em pais, retornam, como se fechassem um ciclo, recomeçando uma nova geração.

É muito gostoso estar com meus netos; exige uma certa energia, mas eu adoro. Mesmo que hoje a gente não saia muito juntos, e que ninguém queira vir dormir aqui em casa. Certamente que faço mais as suas vontades do que fazia as dos filhos. O avô é desmensurado mesmo, e eu concordo que além de não termos a obrigação de educar, sabemos que, com os netos, vivemos, talvez, nossa última oportunidade de acompanhar o crescimento de uma criança.


Avô não é mesmo uma palavrinha simples em português? Talvez por isso o avô não tenha a importância que tem em outras culturas. Veja o francês: chama de "grand-père", o mesmo que os ingleses, "grandfather" - o grande pai. Parece até coisa de índio. Por falar nisto, os nossos índios chamam de "pai do meu pai"; olha que importante. O neto eles chamam de "filho do filho ou da filha" dando aquela idéia de seqüência de DNA. E o que é ser avô? É o momento sublime de co-responsabilidade na educação, na conduta, no cuidado, é passar o bastão do comando. Interferir, sem ferir, orientar, sem conduzir.

Ser avô antes, durante ou após os 50 é uma bênção, uma dádiva da natureza. Queria multiplicar isso de ser avô umas dez mil vezes, de dez mil netos. É a alternância da maturação, da evolução do ser humano. É, antes de tudo, ser o avô, e não o pai de seu neto, pois este papel deve ser cumprido pelos pais. Aí a sutil relação entre todas as outras, pois o pai fala e manda mais. Como o avô, deve falar menos, calar mais e observar melhor, pois assim evita o conflito educacional.

Pela filha que tenho, pelos netos que tenho, não sei por que não fui antes. Que maravilha ser avô. Devia ter sido antes.
Fico feliz e dou muita risada com o caçulinha desesperado chamando a mãe sem conseguir descer, quando foi mexer em seus brinquedos, ou quando faz aquela carinha de safado quando vai fazer uma arte e fica olhando pra gente só pra chamar à atenção. Fico feliz quando estou perto do maiorzinho quando vejo ele desmontar um monte de bicicletas no quartinho dos fundos da casa onde mora com a mãe e meu genro... quando jogo uma bola com ele... quando vou buscá-lo na escola. Muito obrigado meu Deus, muito obrigado mesmo!

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