Quando aceitei Jesus, decidi fechar a empresa e fiquei desempregado. Em pouco tempo me senti como um quebra-cabeça embaralhado. Um monte de peças, em cada peça um problema, trazendo dúvidas, incertezas, temores.
- Será que vou conseguir manter minha família?
- Quanto tempo ficarei sem trabalhar?
- Estou sem assistência médica. E agora?
- Onde foi que eu errei?
Economizar é a palavra de ordem - e nisso, queima o chuveiro, a máquina de lavar, a televisão. Até parece um "complô eletrônico" contra mim!
Os pensamentos fervem e os problemas tomam proporções gigantescas, fazendo com que me sinta incapaz de transpor tantas dificuldades. Culpa, culpa, culpa... pelo que me lembro, ou pelo que esqueci, ou pelo que não fiz, sempre culpa...
Com 54 anos de idade, depois de mandar tantos currículos por aí a fora, procurar um novo emprego é um desafio individual e requer enfrentar a cada dia o próprio desânimo. Este é um dos aspectos mais difíceis desta etapa. O apoio dos amigos, igreja e familiares ameniza e fortalece, mas este é um momento de muitos questionamentos pessoais. Deparamo-nos com nossas próprias fraquezas e, por outro lado, também nos surpreendemos com nossa enorme força interna, nossa capacidade de transpor barreiras e de aumentar limites. As emoções ficam frágeis e passamos por momentos contraditórios: tristeza e euforia, fé e descrença, esperança e desânimo, alta e baixa-estima.
Este momento tão íntimo é compartilhado com Deus que é fiel e nos dá a paz que excede todo o entendimento. Deus tem suprido meu lar, tem mantido minha mulher no emprego, com um salário que dá pra nos manter no básico, e é aí que eu vejo a mão Dele na minha vida, me mostrando o quanto somos dependentes de Sua misericórdia.
Não sei quanto a você, mas eu me perguntava sempre: - Como as empresas fazem a opção entre tantos candidatos ou tantos currículos recebidos? Será que a pessoa escolhida é realmente a mais adequada para o cargo? Penso em como nós, cristãos, estamos enfrentando o desemprego. Questionamentos, dúvidas e a sensação de ser apenas mais um entre tantos desempregados. Situações como o dinheiro se acabando; sentimento de incompetência para conseguir uma nova colocação; cobrança das pessoas que nos exigem atitudes às quais não sabemos tomar, mas que nos empurram para reagir e não entregar os pontos; sentimento de exclusão de tudo; perda do poder de compra - até de coisas básicas; ter que economizar o sapato porque não posso comprar um novo e... nem mesmo dar um presente de aniversário para quem eu amo. Além disso, efetuar cálculos e cálculos para tentar fazer com que cinqüenta reais virem mil; tudo isso acrescido de questionamentos, milhões deles: - Tudo isso, para quê? - Até quando?
Entre muitos outros, esses pontos de interrogação surgem em meio à dúvidas sobre o futuro que parece estar distante e coberto por uma grande nuvem. Mesmo enfrentando tudo isso, meu momento mais difícil foi quando busquei em Deus as respostas e encontrei apenas Seu silêncio. Foram tantas as perguntas que ficaram sem respostas!
Cheguei a conclusão de que Deus quer me mostrar um pouco a respeito de uma coisa que nunca conheci – SOFRIMENTO! O melhor modo e talvez o único, de aprender a cuidar de alguém que sofre, é também estar sofrendo!. Só quem passou por uma situação de desemprego pode entender o que outro desempregado está sentindo. E nisto não estamos sós. Deus está conosco, pois Ele é fiel! Essa revelação de Deus para minha vida, me fez encontrar um dos sentidos para minha corda rompida do desemprego. Gostaria de dizer a todos que, como eu estão desempregados, que devemos consolar os que estiverem em qualquer situação de angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus. 2 Corintios 1:4 diz assim – “Que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus”. Acredito que isso poderá servir de ponto de partida para a busca de um emprego novo e abençoado por Deus, acreditando que, desta batalha, já somos "mais do que vencedores".
Nesta semana tenho tomado café com pão amanhecido pela manhã, almoçado arroz, feijão e ovo, mas a Palavra de Deus tem me sustentado nesta fase em que me encontro e Deus tem me confortado com alguns versículos especiais, tais como:
HABACUQUE 3:17-19 - Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; Todavia eu me alegrarei no SENHOR; exultarei no Deus da minha salvação. O SENHOR Deus é a minha força, e fará os meus pés como os das cervas, e me fará andar sobre as minhas alturas.
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